O tempo vai passar. Ele sempre passa. Já as dores e a ausência vão ficar para sempre aqui. Encravadas no meu coração, na minha alma e na minha loucura.
Meu cabelos estão sujos da sujeira acumulada em um dia entregue a falta de esperança.
Estava olhando para dentro dos meus olhos. Naquela parte a qual alguns chamam de janela da alma. Se for mesmo ela o olho mágico pelo qual eu posso ver dentro; vi que não há nada além da dor e da ausência.
A dor pela ausência de mim.
Vendo a triste falta de Natália Pinheiro percebi que não há nada a ser feito. Esse é apenas o fim da caminhada que insisti em fazer, mesmo sabendo que ninguém voltava inteiro dela.
Essa caminhada em que, a cada curva, eu deixava um pedaço de mim. Minha felicidade, minha sanidade, minha vontade, meu amor.
Tudo o que existia de bom em mim foi perdido. Agora não há mais nada.
Não tenho mais vida. Sou apenas a repetição dos mesmos erros e abandonos.
Cada palavra que eu amentei hoje é pouco. Minha dor precisa de todo um novo vocabulário.
Se tivevesse forças talvez criasse um dicionário sem palavras. Cheio de espaços em branco e de vez em quando algumas páginas cobertas de gritos que nunca cheguei a gritar.
Assim, através da minha nova língua, diria à todos que não preciso de ajuda.
Tudo o que preciso é de um canto só meu na sala de espera de um hospital desativado. Para ter sempre comigo à esperança de que daqui há dois, três, cinqüenta minutos eu receberei a ajuda de que preciso; mas sem nunca ter a dor de olhar nos olhos do meu suposto salvador e ver que- como todos os outros- ele também não se importa.
quinta-feira, 19 de abril de 2007
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