quinta-feira, 17 de maio de 2007

4.

Tum. Tum. Tum.

Eu sei que não é assim:
o barulho da chuva caindo.

Até parece coração batendo;
talvez seja-
coração batendo fora de mim.

(Os barulhos dizem tanto sobre alguém.)

Todas as linhas,
eu leio alto.
Interpreto, até faço
caras e gestos.

Pode rir,
cê tá certo:
eu perdi completamente;
o meu senso do ridículo.

Para que se vestir tão bem,
se vai ficar em casa?
Mas eu não estou-
usando calcinha.

Não me faz perder o ritmo;
eu tenho um ritmo:
só não é o mesmo que o seu.

Seria mais fácil;
eu sei-

não entende que é justamente isso,
que me faz diferente de você?

É,
isso também mudou.

Não quero mais ser você;
quero ser ninguém:
o lugar que está sendo guardado.

Um comentário:

Samuel Punzi disse...

Tudo que eu escrevo vem das minhas tripas
Às vezes saem coisas sujas
Às vezes não
Tudo fica claro como o dia
À noite me dá mais prazer de escrever
O silêncio toma conta da minha melancolia
Eu viajo e penso que estou em outro lugar
Outro mundo
Eu crio o mundo que me cria
Sem rima...
Mas, com poesia!