Então vem, senta ao meu lado, repousa sua mão sobre a minha e explica o quê eu preciso fazer para preencher o meu oco.
Minha mão treme. Não, não é de frio. Nas últimas semanas eu passo boa parte do dia assim: trêmula, pigando suor e com o coração batendo muito mais rápido do que devia- acho que esse é o jeito do meu corpo mostrar que ainda tem vida, que ainda é possível lutar.
Embaixo da minha língua tem um comprimido branco que devia derreter junto com seu corpo esse sentimento horrível de desespero e de medo.
Mas você sabe: estou seca. Minha boca não tem saliva e o comprimido fica lá, sempre no mesmo estado sólido.
Sabe, o único sentimento que tenho em mim hoje é o de escrever para você.
Escrever bonito. Escrever lírico. Escrever de um jeito que faça todos os pedaços de mim se juntarem e formarem um outro você.
Isso sim é poesia.
As minhas palavras não tem nada disso. São só repetiçoes da minha vontade de você de você de você.
São só o mundo girando ao contrário de mim.
quinta-feira, 3 de maio de 2007
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Um comentário:
Minha Clarice Lispector.
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