Não.
Eu não quero que você me entenda. Se entender para que eu vou tentar explicar? E sem tentar explicar não tem mais vida.
Ficar inventando novas formas de falar sobre a mesma coisa não é tão bonito quanto um dia foi. Com o tempo cansa. Dá vontade de falar sobre outros amores, outras dores e outras ausências.
Mas é sempre o mesmo amor, a mesma dor e a mesma ausência.
Não, eu não quero sentir dor para aliviar. É que às vezes é tudo tão vazio que parece ser completamente oco. Parece que não tem mais vida.
E é verdade que hoje eu demoro muito mais para sangrar.
E é verdade também que os cortes estão ficando cada vez mais fundos.
São essas pequenas coisas que me dizem: você está morrendo aos poucos, pequena.
Vivo pensando em quanto tempo demorariam para achar o meu corpo, quanto tempo demoraria até o primeiro telefonema. Queria mesmo é ter certeza de que sentiriam a minha falta.
Então eu repenso. O meu corpo já está aqui sem vida. A minha ausência já está aqui e em todos os lugares aonde um dia existiu minha presença.
Ninguém notou.
Juro.
Só falta agora um túmulo para tornar real- no sentido físico.
terça-feira, 24 de abril de 2007
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