domingo, 12 de agosto de 2007

Dia dos pais.

Escondida do frio que bateu a porta: e eu abri.
Estava vendo televisão, apenas olhando para a tela e pensando em coisas à toa: sexo, amor, sexo e não amor, raiva, raiva.
Foi uma propaganda que me tirou daquele estado de estagnação. Dia dos pais. Dia dos pais. Não tinha pensando nisso ao levantar, ao almoçar, ao sentar no sofá para me entregar ao ócio. As piores dores insistem em sumir. Eu esqueço que estou sozinha para o resto da minha vida. Então (explosão), eu lembro.
Uma explosão de Macabéa ou de Lispector (?), mas também uma explosão somente minha.
Algo se quebra, mas é impossível se notar. Talvez todos me saibam tão quebrada que todos os pedaços já formam uma massa única e não pode-se enxergar cada uma como algo singular.
Fico assim, entende? Parada, calada- com medo de que tudo desmorone.
Mas já não desmoronou? Agora não é só chão chão chão?
Agora é depois do chão, ainda mais embaixo. Lá onde ninguém se conhece e cada dor é única e maior do que as outras.
Eu grito, não pelo direito ao grito; mas pela esperança de que meu grito me acorde e eu possa continuar.
Eu só quero que.

Um comentário:

Anônimo disse...

Me pareceu grito mudo, moça Natália. E gritos mudos nos fazem entendíveis, a gente se percebe mais e pode até cair no chão - mas o chão é o máximo, não há mais nada pra s'enxergar, apenas buraco pra se cair. Enxergar, sabe? Deve ser o buraco de dentro da gente, quando tudo desmorona e o corpo esfarela.
Abrimos os olhos e puff, acordamos - continuamos mesmo, a gritar.

Continua, e continua escrevendo coias assim, fortes, intensas, simples e bonitas. Mas não deixa de querer. :)